O Mercado Visto da Rua: “Entre Paixão e Desinformação”

Além de ser o meu “sustento”, o mercado imobiliário é de facto uma paixão.

Tenho tentado aprofundar o meu conhecimento ao longo dos últimos anos, colocando em prática muitas ideias que vou concebendo. Outras, ainda não tive coragem suficiente para avançar. Poderia ter feito muito mais, é um facto. No entanto, também poderia ter feito muito menos.

Aprendi muito com a resolução de problemas complexos. Estas experiências foram transformadoras e permitiram verificar na prática a ideia que fui concebendo acerca das relações entre os vários intervenientes do Setor.  Vivemos um mercado onde a desinformação e as meias-verdades são “a boa prática e o atalho para sucesso financeiro”. Os exemplos de inconsistência acontecem em todas as atividades que compõem o setor, colocando a produtividade e eficiência em níveis muito baixos. A velha máxima “É meio mundo a enganar outro meio mundo”, assenta que nem uma luva.

Sempre fui crítico relativamente à forma como o mercado (no geral) comunica, informa e opera. Confesso que não consigo compreender o que se entende por “criação de valor”.  Fazer dinheiro  a todo o custo, “tendo em conta a desinformação de outras pessoas”, não me parece ser o melhor princípio de atuação mas, respeito.

Nos últimos meses, é notória uma quebra do dinamismo do mercado imobiliário a nível global. Vários factores macroeconómicos, políticos e as próprias estatísticas enviesadas a que temos acesso em Portugal demonstram isso mesmo.

Por outro lado, temos um país fantástico, com condições fantásticas para fazer evoluir o Setor. Destaco a falta de oferta de ativos (dos diversos segmentos) que corresponda às necessidades cada vez mais evidentes da procura.

Não percebo de política e gestão ainda estou a aprender. No entanto, arrisco afirmar que a nossa visão é muito curta no que diz respeito ao setor imobiliário. Vivemos de fábulas e histórias. Parece que não importa discutir a realidade de forma séria e transparente. Julgo que esta será uma das principais lacunas (a par da falta de estabilidade política, fiscal, etc) na criação de condições para atrair mais capital, que permita criar valor a sério, respondendo às necessidades das PESSOAS/EMPRESAS/UTILIZADORES.

Num mundo onde a transferência de informação é instantânea, faz sentido continuar com as mesmas formas de “comunicar, informar e operar”?

Há uns dias discutia este assunto com um colega que muito prezo e muito me tem ensinado. Temos ideias muito distintas. Foi uma boa discussão e as conclusões foram similares. É muito arriscado “sair da norma” no que diz respeito à forma de “comunicar, informar e operar” no setor imobiliário. No entanto, é essa dificuldade que nos vai inspirando a inventar, experimentar, cair e levantar. Andamos mais devagar, mas com um propósito inabalável.

O futuro já se iniciou há alguns anos. A transformação da indústria é enorme. Não nos deixemos enganar pela melancolia do “mais do mesmo porque sempre funcionou.”

Até breve,
André Casaca

 

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