O Mercado Visto da Rua: Edifício Residencial em Cacilhas. Estratégia de Venda.
O estudo de caso que vos apresento teve como base as dúvidas de um proprietário relativamente ao valor a atribuir ao seu Imóvel tendo em conta o seu objetivo de venda.
Trata-se de um Ativo Residencial localizado no Distrito de Almada, mais precisamente na emergente zona de Cacilhas.
O Ativo
O imóvel em análise foi construido no Séc. XX, sendo constituído por paredes de alvenaria de pedra e estrutura de madeira entre pisos.
O Lote de Terreno compreende cerca de 417 m2, com uma área de implantação na ordem dos 190 m2. O edifício desenvolve-se em dois pisos. A área de terreno livre dá origem a um logradouro com cerca de 181 m2 que serve duas frações residenciais situados no Rés-do-Chão.
No total verifica-se a existência de 4 frações habitacionais de utilização independente tendo em conta que o imóvel está registado em regime de Propriedade Total.
Área do Terreno - 417 m2
Área de Implantação - 190 m2
Nº de Pisos Acima do Solo – 2
Nº de Pisos Abaixo do Solo – 0
Área Bruta de Construção – 368 m2
Área Bruta Privativa - 339 m2
Logradouros, Pátios, Varandas – 181 m2
Áreas Comuns (Caixa de Escadas/Zonas de Circulação) – 29 m2
Nº Frações: 4
Tipologias: T2 + 1 / T3
Uso: Residencial
A Localização
Cacilhas posiciona-se cada vez mais como uma zona em ascensão no panorama imobiliário dos “subúrbios de Lisboa”. A ligação privilegiada á Capital através do terminal de ferries, com um tempo médio de travessia a rondar os 10 mintutos, tem vindo a potenciar a atratividade e desenvolvimento do seu tecido urbano.
O processo de revitalização da infraestrutura na zona ribeirinha e respetivo núcleo histórico, outrora desprezado e subavaliado, tem sido notável. As deslumbrantes vistas para Lisboa, proximidade ao Cristo Rei e a crescente popularidade das praias da Costa Caparica, potenciaram um sólido aumento no número de Turistas que visita a região.
Tendo em conta o descrito , a valorização dos ativos imobiliários tem sido ascendente.
No entanto, mesmo considerando alguma “internacionalização” do mercado, um dos fatores desafiantes é a “inelasticidade dos preços de venda” de imóveis residencias. A partir de um certo patamar de preço, por muito que a qualidade dos ativos possa aumentar, a procura não tem “disponibilidade” para acompanhar o aumento do custo associado.
Aparentemente, trata-se de um mercado muito sensível às condições de crédito habitação no que concerne ao mercado de compra e venda. Em relação ao mercado de arrendamento(Longo prazo, Médio Prazo, Estudantes, AirBnb), como praticamente em todas as localizações com facilidade de acesso a Lisboa, a procura supera largamente a oferta.
Os valores de venda de imóveis residenciais podem atingir os 3400€/m2, sendo que o valor médio ronda os 2800€/m2, dependendo da tipologia, localização específica e suas características intrínsecas (Espaços exteriores, vistas, acabamentos, estacionamento, entre outros). O intervalo de valores estipulado vincula um estado de conservação entre Razoável Mais e Muito Bom.
Por outro lado, quando tentamos estimar rendas habitacionais, deparamo-nos com um problema. Não temos amostra. Este é um forte indicador do potencial do mercado de arrendamento habitacional e respetivas taxas de ocupação “elevadíssimas. Os valores de renda média unitária variam entre 10 e 12€/m2, para contratos de longa duração.
Questão: Tendo em conta a intenção de maximizar o valor atual do ativo no processo de venda, quais as diferentes hipóteses do seu proprietário?
● Hipótese 1 - Processo de Licenciamento para ampliação de um piso habitacional
Do ponto de vista da concepção do produto imobiliário, seria a opção mais interessante.
A possibilidade de repensar os layouts e respetiva disposição dos apartamentos, equacionando a incorporação de espaços exteriores ao nível dos pisos superiores traria melhorias significativas ao produto imobiliário, certamento melhorando a sua atratividade.
A criação de lugares de estacionamento seria pouco provável uma vez que demolição de existente e respetiva criação de caves não vai de encontro às condicionantes urbanísticas.
É verdade que temos um ótimo logradouro. No entanto, tendo em conta o seu layout, seria pouco provável conseguir lugares de estacionamento “independentes” para todas as frações. O espaço de circulação tem as suas especificidades e não existe grande hipótese de alteração.
Esta realidade poderá condicionar a criação de mais frações
Tendo em conta o explicitado, assumem-se 3 pisos como cércea máxima, não existindo a necessidade de incorporar um elevador. As condicionantes do layout da caixa de escadas também não facilita este aspeto. Todavia sabemos que é um equipamento valorizado para frações habitacionais localizadas acima do Rés-do-Chão. Além disso, a não existência de um elevador afasta alguns clientes potenciais com condicionantes ao nível da mobilidade.
Atendendo às características, as variáveis Tempo e Custo de Construção serão fatores que poderão “penalizar fortemente” o valor do terreno. A operação de ampliação obrigará a reforço estrutural importante e obra de grau de complexidade elevado, apesar de não se verificarem problemas estruturais relevantes. Além disso, temos o tempo indeterminado para o processo de licenciamento.
Solução Arquitetónica Equacionada
Área do Terreno - 417 m2
Área de Implantação - 190 m2
Nº de Pisos Acima do Solo – 3
Nº de Pisos Abaixo do Solo – 0
Área Bruta de Construção – 554 m2
Área Bruta Privativa - 514 m2
Logradouros, Pátios, Varandas – 234 m2
Áreas Comuns (Caixa de Escadas/Zonas de Circulação) – 41 m2
Nº Frações: 6
Tipologias: T2 + 1 / T3
Uso: Residencial
Uma das dúvidas que surge é o número de frações a desenvolver. Poderiamos optar pela ampliação das frações existentes ao nível do Piso 1, com a criação de apartamentos Duplex. Desta forma ganharíamos área pela não existência de caixas de escadas ou zona comuns no novo piso. De todo o modo, sou da opinião que valores de venda acima de 300 000€ são pouco líquidos nesta localização, tendo em conta as características do imóvel. Assim sendo, será preferível adicionar mais 2 frações habitacionais às 4 já existentes, para que evitar valores de venda muito superiores a 300 000€. Existem riscos consideráveis (relacionados com o licenciamento) no que concerne ao aumento do número de frações tendo em conta as condicionantes do estacionamento.
Conforme mencionado anteriormente, adoptou-se uma solução arquitetónica potencial que permitisse valores de venda não superiores a 300 000€. Os valores de venda unitário atingem os 3100€/m2.
Se tivermos em conta o investimento na perspetiva do comprador das frações autónomas renovadas que pretende colocar as mesmas no mercado de arrendamento, podemos assumir que a Yield Média Potencial poderá atingir os 4,4%. Uma vez mais, recordo a possibilidade de otimizar este rácio através do arrendamento de médio prazo.
Em seguida, apresenta-se a estrutura de custos potencial para a solução analisada: